No Seminário Welcome Chinese, que se realizou hoje em Lisboa, João Cotrim de Figueiredo rejeitou a visão de curto prazo sobre o desvio do fluxo de turistas por motivos de instabilidade e segurança, tendo-se mostrado favorável a uma visão de médio e longo prazo que é favorável ao turismo a nível mundial.

"O turismo é uma indústria de proximidade, de tolerância e de aproximação dos povos e o que se passou em Paris e noutros eventos similares que ocorreram no passado, são a antítese daquilo que o turismo deve ser", salientou o responsável.

Segundo João Cotrim de Figueiredo, "é evidente que sempre que há um conjunto de fluxos turísticos que não consegue ir para destinos que habitualmente escolheria, outros [operadores e países] poderão beneficiar disso".

"Mas isso é uma visão de curto prazo, que me recuso a subscrever. Portugal nunca dirá que vai beneficiar de desgraças alheias ou de problemas noutras latitudes", advertiu.

O facto de Portugal ser, atualmente, competitivo e conseguir captar uma boa parte desses fluxos turísticos, que por um ou outro motivo poderão às vezes estar disponíveis, "isso não nos enche de alegria", frisou.

"Enche-nos de satisfação apenas [e só] porque os empresários no terreno beneficiam dessas situações e podem estar mais desafogados, mas a longo prazo a visão que tem de prevalecer é a de que o turismo depende de um ambiente estabilidade e de segurança no mundo", salientou.

Portugal "tendo feito o trabalho que fez, com ganhos de competitividade e quota de mercado significativos, só tem a ganhar em que o bolo do turismo mundial seja maior, porque a nossa competitividade vai encarregar-se de fazer com que o nosso crescimento seja ainda maior do que o crescimento mundial", esclareceu.

"Acontecimentos como estes [de Paris] não são bons para Portugal vistos na perspetiva de médio prazo e mais estratégica", sublinhou.

O presidente do Turismo de Portugal alertou também para o facto de acontecimentos como os que ocorreram em Paris, ou outros no passado, não virem a servir de pretexto para reforçar certo tipo de procedimentos de controlo, no caso das fronteiras e dos vistos, que "acabam por inibir o turismo".

JS // MSF

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