O juiz Pablo Ruz, da Audiência Nacional, especialista em 'dossiers' complexos, encerrou uma parte do inquérito sobre o designado "caso Gürtel", que decorreu entre 1999 e 2005, e decidiu que 40 pessoas, incluindo três antigos tesoureiros do PP - Luis Barcenas, Alvaro Lapuerta e Angel Sanchis - devem voltar a ser julgados, à semelhança de diversos autarcas e empresários.

De acordo com a agência EFE, que cita fontes judiciais, em "nenhum caso" este processo deve coincidir com as legislativas em Espanha, que devem decorrer até ao final de 2015, remetendo assim para o ano seguinte o início do processo.

O caso, relacionado com dádivas recebidas por responsáveis políticos em troca de contratos, abrange Madrid e duas cidades dos arredores, Pozuelo e Majadahonda, e a estância balnear de Estepona.

Esta investigação atinge em particular o Partido Popular do primeiro-ministro Mariano Rajoy, no poder desde 2011, e quando se aproximam diversos desafios eleitorais -- municipais e regionais parciais em maio e eleições legislativas no final de 2014 --, e quando a campanha está centrada nos dois temas que mais preocupam os espanhóis, o desemprego e a corrupção.

Sem ser diretamente perseguido, o PP está a ser questionado por ter beneficiado de fundos de origem ilícita, e relacionadas com irregularidades financeiras cometidas por um presidente da câmara de Pozuelo. Assim, deverá em princípio devolver o dinheiro apropriado de forma indevida, e o juiz exige-lhe uma caução de 245.000 euros.

Este inquérito judicial implicou a demissão da ministra da Saúde, Ana Mato, no final de 2014, suspeita de ter beneficiado do dinheiro obtido ilegalmente pelo seu ex-marido, Jesús Sepúlveda, o ex-presidente da câmara municipal de Pozuelo e alvo de um processo.

O nome de Ana Mato, que nunca foi julgada, foi citado no 'dossier' na véspera de uma intervenção, muito aguarda no parlamento, do chefe do Governo Mariano Rajoy sobre a corrupção que atinge Espanha, quer à direita quer à esquerda, e que tem alastrado a sindicatos, artistas e mesmo ao genro do antigo rei Juan Carlos.

Luis Barcenas, o principal indiciado no "caso Gürtel", também sob alçada judicial por outros trâmites do processo, foi confrontado com uma caução civil de 88 milhões de euros.

Já a Francisco Correa, o homem acusado de ter montado este esquema fraudulento, foi imposta uma caução de 60 milhões de euros.

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