Vamos dar prioridade aos projetos "de pequena e média dimensão, não só aos grandes projetos, e tentar que os grandes projetos não tenham impactos negativos em outras áreas", na economia, na agricultura ou na paisagem, disse Maria da Graça Carvalho à Lusa depois de uma reunião com nove organizações de defesa do ambiente, que quer tornar habitual.

A ministra disse que os projetos de grande dimensão de energias renováveis são importantes, até para atingir objetivos europeus e a nível das Nações Unidas, mas acrescentou que os projetos de pequena dimensão têm menor impacto no ambiente e também "ganham mais as pessoas para a transição".

"Há o facto de tornar fácil que cada um possa produzir a sua energia, na sua habitação, num parque industrial, num armazém, e tornar isso simples e mais fácil vai ser uma das nossas prioridades, porque isso vai envolver muito mais a população na produção de energia limpa, vai 'empoderar' as pessoas e faze-las tomar parte desta revolução", justificou.

Quanto ao hidrogénio, a aposta será, disse, na utilização do hidrogénio onde é produzido, porque se trata de algo ainda difícil de transportar.

Para Maria da Graça Carvalho o "primeiro foco", tendo em conta que o hidrogénio tem um papel importante na transição energética, é a utilização do hidrogénio verde a nível local, principalmente para a indústria, e não para exportar.

Produzir hidrogénio limpo é "uma vantagem competitiva, para atrair a indústria", disse a ministra, acrescentando que no passado Portugal tinha dificuldade em atrair indústrias porque a eletricidade não era competitiva com o resto da Europa.

"Neste momento, o hidrogénio produzido a partir de energias renováveis, com custo baixo, deve ser utilizado como um fator de competitividade para atrair indústria, atrair grandes empreendimentos industriais que criem riqueza a emprego em Portugal", defendeu.

Outra prioridade do Governo, disse ainda Maria da Graça Carvalho nas declarações à Lusa, é a descarbonização do setor dos transportes, um dos grandes responsáveis pela emissão de gases com efeito de estufa, através do investimento em transportes públicos de qualidade e em mais ferrovia.

E na água, outra das preocupações, o Governo está empenhado em investir no Algarve, onde há mais falta de água, e depois avançar para o resto do país.

Os investimentos passam, exemplificou, por controlar o uso de água, por reduzir perdas, que ultrapassam os 50% em alguns municípios, por mais reutilização e por reforçar instalações existentes.

No Algarve vai ser acelerada a construção de uma dessalinizadora, e está a ser avaliada a possibilidade de haver uma tomada de água na zona do Pomarão.

Tudo isto, disse Maria da Graça Carvalho, vai ser apresentado brevemente, em coordenação com todo o Governo.

FP // JMR

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